Se no Carnaval do ano passado chegou a ter 40 equipamentos – entre trios elétricos e carros de apoio – no circuito Dodô (Barra-Ondina) em um único dia, neste ano o número determinado pelo Conselho Municipal do Carnaval (Comcar) é de 26 no total. Representantes do trade do Carnaval aprovam a decisão de olho em evitar incidentes como atrasos, problemas técnicos e acidentes; enquanto outros veem uma contradição na limitação.

A decisão não retira nenhum bloco ou atração da folia, o que acontece é uma redistribuição entre os dias de festa. O presidente do Comcar, Washington Paganelli, inclusive, confirma 26 equipamentos todos os dias de Carnaval na Barra. “Vamos ter um Carnaval com todas as atrações confirmadas, todos os blocos, todas as grandes atrações, e tenho certeza que será um ótimo Carnaval”, afirma.

Ele explica ainda que a decisão não é uma vontade do conselho, mas sim uma consequência direta da perda do espaço no bairro da Graça, que era utilizado como estacionamento dos equipamentos, mas agora é parte de um empreendimento imobiliário. Outro argumento a favor da medida é que a limitação irá acarretar em um circuito mais fluído e combater problemas logísticos e de superlotação, de acordo com o presidente da Empresa Salvador Turismo (Saltur), Isaac Edington.

“Ter mais equipamentos do que o circuito comporta gera atrasos, aumenta a probabilidade de problemas técnicos, entre outras questões que buscamos evitar para ter um carnaval ainda melhor”, comenta Isaac. Outro que aprova a medida é o presidente da Associação Baiana de Trios Elétricos Independentes (ABTI), Ari Andrade.

“O que houve no Carnaval passado teria que ser repensado mesmo. Se percebeu a superlotação no circuito e entendemos que é um procedimento até de segurança”, afirma.

Porém, nem todos são a favor da medida. Em nota, o presidente da Associação dos Blocos de Salvador (ABS), Otto Pipolo, aponta que a limitação nos equipamentos no circuito Dodô é contraditória com a decisão do Comcar de exigir a ampliação de equipamentos para o desfile. Segundo a nota, “exigir que os blocos, além de seus trios, desfilassem também com carro de apoio, com cordas, cordeiros, com associados e vendas de abadás” vai em oposição com a ideia de diminuir o número de equipamentos no circuito.

Outra discussão para o Carnaval de 2025 é sobre limitar o número de pessoas em trios elétricos. Ainda ontem, o Ministério Público da Bahia (MP-BA) indicou orientações sobre o tema para este Carnaval. O cumprimento da instrução técnica nº 46/2024 do Corpo de Bombeiros vale tanto para órgãos públicos quanto privados.

A medida é para garantir a segurança das pessoas – evitando a sobrecarga nos veículos. Os responsáveis pela fiscalização são a Saltur, o Comcar e a Defesa Civil de Salvador (Codesal). Ari Andrade, da ABTI, ressalta a importância de medidas para controle do número de pessoas sobre os equipamentos.

“Queremos diminuir a quantidade de gente em cima dos carros, precisa disso. Cada pessoa em cima de um carro desse você adiciona 80, 100 quilos. Se bota 100 pessoas em cima de um trio elétrico é complicado. E, às vezes, cria dificuldade para a parte técnica trabalhar, porque vai alguém pisa num cabo e desconecta ou derruba um equipamento”, afirma.