A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado vai na terça-feira um requerimento para que o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, seja convidado a comparecer ao Congresso para explicar por que a taxa básica de juros, a Selic , está em 13,75% ao ano. O senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO), que preside o colegiado, espera que o convite seja aprovado.
Como mostrou o Broadcast Político, a ida de Campos Neto ao Senado foi acertada em 15 de fevereiro, durante um jantar entre Vanderlan e o chefe da autoridade monetária. Aguardava-se que o presidente do BC fosse ouvido no Congresso no começo de março, antes da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que ocorreria nos dias 21 e 22. No entanto, houve um atraso na instalação das comissões no Senado , que só passou a funcionar nesta semana.
O encontro entre Campos Neto e o senador ocorreu após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva intensificar as críticas à condução da política monetária, com o argumento de que o atual nível da Selic restringe o crescimento econômico. O BC, por outro lado, argumenta que a manutenção dos juros é necessária para controlar a presença das convergências sobre o cenário das contas públicas no País.
Em entrevista à CNN Brasil, hoje, Vanderlan defendeu que é preciso encontrar, por meio do diálogo, um consenso sobre a forma de reduzir os juros. Ele afirmou, por outro lado, que declarações de autoridades “prejudicaram bastante” a discussão, numa referência velada a Lula e integrantes da base aliada do governo no Congresso.
“O ministro da Fazenda, Fernando Haddad tem razão quando diz que muitas empresas, não somente no agro, mas na indústria, no comércio, na área de serviços, contratam empréstimos a juros bem mais baixos que o que está aí hoje”, afirmou o senador, em entrevista.
“Então, a taxa de juros subiu bastante. Muitas empresas estão com essas dificuldades de honrar esses compromissos. Aumentaram muito os pedidos de falência. Então, precisamos achar, por consenso, uma maneira de que esses juros sejam reduzidos”, emendou Vanderlan.
Em 16 de fevereiro, um dia após o jantar com Campos Neto, o senador disse ao Broadcast Político que a autonomia do BC é “ponto sacramentado” e que o encontro havia sido uma forma de demonstrar o apoio do Senado ao chefe da autoridade administrativa. Os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também se pronunciaram em defesa da autonomia do Banco Central, aprovados pelo Congresso em 2021.
Naquela semana, o PT havia lançado na Câmara uma frente parlamentar “contra juros abusivos”. O ato político, coordenado pelo deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), contou com a presença da presidente do partido, Gleisi Hoffmann, e teve críticas à atuação do BC.