Anderson Souza de Jesus, o ‘Buel, apontado como o principal fornecedor de armas da facção criminosa Comando Vermelho (CV), na Bahia, é um dos principais alvos do Departamento de Repressão ao Crime Organizado (Draco) durante a operação ‘Cerberus’, que teve o desfecho da segunda fase na manhã de quarta-feira, 27, e resultou na prisão de onze integrantes da ramificação criminosa na Região Metropolitana de Salvador.
No entanto, diferente de seus comparsas de Portão, Areia Branca e Capelão, no município de Lauro de Freitas, ele, considerado uma das três ‘cabeças’ do Cerberus, que na mitologia grega é o cão de três cabeças que aguarda a entrada do Hades, segue foragido.
“Uma das lideranças, que ainda se encontra foragida, é responsável por trazer fuzis aqui para a Bahia. Então, a gente sabe, já teve apreensões de fuzis, inclusive em outras operações deflagradas pela Polícia Civil, que a gente já identificou. A gente tem já prova material dele, trazendo fuzil aqui para a Bahia. Inclusive, o grupo dele participa de diversos bondes em outras áreas em que o CV disputa território com outras facções”, explicou a diretora do Draco, Márcia Pereira, ao Portal A TARDE.
Apesar da polícia saber que Buel está no Rio de Janeiro sob a proteção da ‘matriz’ da facção, o diretor do Draco, Alexandre Narita, explica que não é tão simples capturá-lo.
“A gente constantemente vem trocando informações com a polícia do Rio de Janeiro, até porque a gente sabe que as principais lideranças de organizações criminosas da Bahia, elas se encontram sob a proteção das facções do Rio de Janeiro, então, a troca de informações é constante, agora existe essa dificuldade de cumprimento dos mandados que já existem nessas localidades, nessas comunidades”, disse.
A questão burocrática seria outro empecilho. “Existe uma normativa lá de que apenas com a anuência do governador se pode fazer operações de grande complexidade nesse morro”, explicou.
As três cabeças do Cerberus
Apesar da prisão de onze dos integrantes, 28 suspeitos estão na mira da polícia. Entre eles, três lideranças consideradas pilares da organização. Segundo apuração do Portal A TARDE, além de Buel, apontado principal fornecedor de armas da facção aqui na Bahia, Djavan Santos Conceição, mais conhecido como “Edcity”, que já havia sido preso em uma ação conjunta entre a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO) Bahia, e a FICCO Mato Grosso, no dia 6 de novembro deste ano, em Cuiabá, Valdinei Ribeiro dos Anjos, vulgo ‘Sorriso’, que também segue foragido no Rio de Janeiro.
“Essa investigação tem mais ou menos um ano e vem investigando essa parte dessa facção criminosa que atua ali em Lauro de Freitas. Hoje a gente deflagra essa fase dela com um avanço muito importante, principalmente relacionado aos bloqueios de capitais, que são 14 milhões, e assim a gente vai continuar ela em busca dos demais que estão foragidos”, explicou Pereira.