Vídeo gravado por moradores do bairro mostra idosa rolando no chão pra tentar salvar seu cachorro.
Dois cães da raça pitbull atacaram até a morte o cachorro de uma idosa enquanto ela passeava com o animal na porta de casa. Costela, como o vira-lata era carinhosamente chamado por dona Cristina, 60 anos, tinha sido adotado há quatro anos pelo filho da idosa, e costumava passar dias com ela quando o dono viajava. O ataque ocorreu na Rua do Meio, no bairro do Rio Vermelho, em Salvador, na noite de quarta-feira (26). De acordo com moradores, os pitbulls pertencem a um vizinho que mora do lado do prédio da idosa.
Um vídeo gravado por um morador mostra o momento exato do ataque dos pitbulls contra o cachorro da idosa. Nas imagens, ela ainda tenta defender seu bichinho de estimação, mas acabou mordida no pulso. Após o ataque, ela precisou de atendimento médico. Ainda muito abalada e sob efeito de calmantes, a idosa chorava compulsivamente e não conseguiu falar com a reportagem na manhã desta quinta-feira (27).
Um vizinho da idosa, que preferiu não se identificar, relatou que o portão do imóvel estava aberto, o que facilitou a fuga dos cães. Ele disse ainda que vizinhos levaram a mulher a uma clínica veterinária para que o cachorro fosse atendido, mas ele não resistiu aos ferimentos.
Na manhã desta quinta-feira (27), o CORREIO esteve no local e notou que as marcas de sangue ainda estão em frente ao prédio. Outra moradora que pediu para não ser idetificada se solidarizou com a situação e prometeu acompanhar a idosa à polícia para registrar a ocorrência. “Ela é uma senhora de idade.; Aqui na frente tem uma escola e podia ser com uma criança. Isso é um absurdo”, reclama.
Proprietário de um dos pitbulls que vive no imóvel, um mototaxista que pediu para não ser identificado minimizou o ataque dizendo que não foi contra uma pessoa.
“Foi um ataque contra outro cachorro. Eles não são agressivos com pessoas. Eu e meu cunhado vamos assumir o erro porque deixamos realmente o cachorro no corredor e o portão acabou abrindo, não sei como. Já conversei com ela, e vou arcar com os prejuízos dos gastos com a saúde. Ela tem todo direito de procurar os direitos dela. Ela está certa, não sou contra isso. Estou aqui para assumir os danos e o que for necessário. Vou prestar toda assistência que ela precisar”, alegou.
A vizinha prometeu que não vai permitir que o ataque fique impune. “Vamos tomar as providências cabíveis, a rua não vai deixar isso barato. Vamos procurar os nossos direitos. Não vou deixar a minha amiga do jeito que ela está, abalada, machucada, sem condições nem de dar entrevista. Ela está sofrendo muito. O cachorro dela era amado por todos nós, quando ele chegava era a alegria do prédio. Agora ele virou uma estrelinha no céu”, afirmou.
Moradores da Rua do Meio que costumam passear com seus pets estão assustados. Na manhã desta quinta-feira (27), enquanto circulavam na área com os animais, perguntavam: “os pitbulls ainda estão por aí?”.
Sem se identificar, uma moradora contou que os animais são usados para reprodução e comércio de filhotes e vivem em situação precária, sem contato com outros animais e pessoas. Uma moradora disse ainda que já foram feitas denúncias contra os donos dos pitbulls que, segundo ela, possuem seis cães da raça.
O mototaxista nega que os cães sejam usados para reprodução. “É mentira. Gostamos de criar a raça, é algo que gostamos mesmo. Temos apenas três cachorros e não seis como estão falando. Foi algo rápido, em torno de 10 minutos nós percebemos que o cachorro tinha saido e viemos buscar e separar a briga. Depois da situação, ele ainda estava vivo. Infelizmente, aconteceu essa fatalidade”, destacou.
“Eles criam os cachorros num espaço muito pequeno. Nós nos preocupamos com eles também. Já fizemos algumas denúncias, mas eles melhoraram a estrutura e ficou por isso mesmo. São animais que não socializam com outros animais, outras pessoas. Eles usam eles para reprodução e comércio. Costumávamos ver esses cães chorando à noite, dava pena”, contou ela, que revelou que vivia sempre com medo de acontecer algo do tipo.
“Nós não esperávamos que isso pudesse acontecer, mas sempre tinha o medo, pois quase todos os moradores têm cachorros na rua e passeiam com eles durante a noite. Ela acabou de perder um outro animal recentemente, de morte natural. Nem imagino como ela deve estar nesse momento de dor, deve estar arrasada, destruída. Costelinha era a alegria dela, que meia sozinha aqui no prédio”, completou.
Jornal correio