Sem respeitar as normas de flexibilização, clientes se aglomeraram em calçadas e dispensaram o uso de máscaras.
Após três meses fechados devido às restrições impostas pelo novo coronavírus, bares e restaurantes voltaram a funcionar no Rio de Janeiro nesta quinta-feira, 2. Entretanto, a liberação causou grande aglomeração na zona sul carioca, com clientes acumulados em calçadas, sem respeitar o distanciamento social, e abdicando do uso de máscaras. No último dia 30 de junho, a cidade ultrapassou a marca de 10 mil mortes e mais de 112 mil infectados pela covid-19.
Vídeos e fotos de ruas
Na primeira noite de reabertura, bares e restaurantes do Rio ficam lotados fotos e vídeos foram divulgados nas redes sociais. O vereador Tarcísio Motta (PSOL) usou sua conta no Twitter para criticar o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) pelo potencial aumento no número de casos após a reabertura. “Essa responsabilidade, ou melhor, essa irresponsabilidade é sua”, escreveu, citando o mandatário da capital fluminense.
Um dos trechos de maior movimento de acordo com os vídeos postados em redes sociais foi a rua Dias Ferreira, na região conhecida como “Baixo Leblon”. Pelas imagens, é possível ver garçons e funcionários dos bares usando máscaras, enquanto a maioria dos clientes seguia desprotegida, dificultando inclusive o trânsito de veículos no local.
Mais um dessa surrealidade. Leblon, 2 de julho de 2020, dia da reabertura de bares e restaurantes na cidade do Rio. Maior pandemia do século. pic.twitter.com/HV0nlvE7L6
Em outro vídeo postado no Twitter, é possível ver imagens do Bar Boa Praça, na esquina com a avenida Ataulfo de Paiva, enquanto os clientes sentam em mesas do lado de fora do estabelecimento, a grande maioria sem máscara. “Tudo voltando ao normal, graças a Deus. Vai tomar no c* máscara e corona”, diz o homem responsável por gravar as imagens.
Na quarta-feira, 1, a Prefeitura do Rio de Janeiro anunciou a flexibilização do isolamento social na cidade, permitindo estabelecimentos gastronômicos a abrirem para 50% da capacidade de público, com intervalos de pelo menos dois metros entre as mesas e a obrigação de encerrarem o expediente até as 23h. A máscara, de acordo com a lei, só poderia ser retirada no momento das refeições.
Mais cedo, em Copacabana, donos de restaurantes já haviam comemorado a flexibilização e se preparavam para receberem clientes ao longo do dia. Embora seja necessária autorização específica para distribuir mesas e cadeiras pelas calçadas, em pelo menos cinco estabelecimentos quase vizinhos essa estratégia foi adotada. “Senão como vou anunciar que os clientes já podem sentar e consumir aqui?”, questionou um proprietário.
Apenas horas antes de os bares do Leblon começarem a abrir, o Rio de Janeiro havia registrado 134 mortes e 1.545 novos casos de covid-19 em 24 horas, elevando o balanço total da pandemia no estado para 10.332 óbitos e 116.823 pessoas infectadas pelo coronavírus.
Academia e praias liberadas
Quem também se beneficiou da flexibilização foram as academias, que, agora, vão poder funcionar com capacidade máxima de 1/3 de sua lotação e distanciamento de três metros entre os frequentadores. O uso de máscara é obrigatório e o horário de treino deverá ser agendado.
Por sua vez, as praias poderão receber banhistas nas faixas de areia, mas apenas para a prática individual de exercícios (usar cadeira e guarda-sol e permanecer parado na areia seguem proibidos). Anteriormente, apenas os calçadões e o mar estavam liberados. Contudo, o número de pessoas que iam ao local para tomar sol já era grande. Também entrou em vigor as autorizações para a reabertura de quiosques e salões de beleza, que agora podem oferecer depilação e serviços de tintura nos cabelos (até então estavam autorizados apenas cortes de cabelo, manicure e pedicure). Salões de tatuagem também podem reabrir.
Jornal Correio da Bahia