Mais de 1.700 quilômetros separam duas jovens que nasceram em 18 de setembro de 1999. No entanto, coincidências — além da data de nascimento — e erros nos registros oficiais fizeram com que a vida de uma ficasse completamente atrelada à da outra. Há três anos, Luana Silva de Oliveira, de 22 anos, moradora de Planaltina, no Distrito Federal, descobriu que tem uma homônima na cidade de Friburgo, em Santa Catarina.
Além do nome e sobrenome, ela descobriu que a outra jovem compartilha com ela o mesmo número de CPF (Cadastro de Pessoa Física).
A Luana do DF é estudante de direito e precisou levantar alguns documentos com a finalidade de se preparar para tirar o registro da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) quando estiver formada. O que trouxe preocupação, também, foi o fato de ela encontrar em seu CPF restrições referentes a compras que ela nunca tinha feito.
Para a catarinense Luana Silva de Oliveira, o problema foi descoberto quando ela tentou iniciar o processo de obtenção da CNH (Carteira Nacional de Habilitação). Como a homônima do DF já tinha o documento, o Departamento de Trânsito afirmou que ela não poderia iniciar o processo, pois nos registros do órgão aquele número de CPF já estava habilitado.
A brasiliense conta que soube do problema ao tentar emitir um documento e, no primeiro momento, suspeitou de fraude. “Eu fui emitir a carteira de trabalho e fui informada de que já tinha sido emitida. Eu logo pensei que poderia ser alguma fraude, alguém usando de ma-fé. Passaram mil coisas pela minha cabeça até eu conseguir entrar em contato com ela [a homônima].”
Luana conta que conseguiu contato com a jovem de Santa Catarina pelas redes sociais. “Com o nome da mãe dela, eu procurei nas redes sociais, até que eu cheguei até ela e mandei mensagem. Ela me disse que, quando queria fazer algo, sempre aparecia o nome dos meus pais. Ela afirmou que geralmente os funcionários públicos alteravam os dados”, disse.
O R7 entrou em contato com a Luana Oliveira moradora de Friburgo, que também relatou problemas para resolver assuntos cotidianos. “Tudo que eu ia fazer por aqui aparecia o nome dos pais dela. Quando eu fui fazer os negócios da gestação da minha filha, já apareceu o nome da família dela ou algo que ela já tem. Eu não consigo resolver nada”, disse.
PIS idêntico
Durante a produção da reportagem, a brasiliense descobriu que a Caixa Econômica Federal também inscreveu ambas com o mesmo número do PIS (Programa de Integração Social), fazendo com que as atividades trabalhistas delas também estejam atreladas. Procurada pela reportagem, a Caixa informou que foi “identificada situação de homonímia perfeita para as cidadãs”, mas que, “com base em outros dados cadastrais, foi realizada a separação das inscrições, estando as duas cidadãs com o NIS (Número de Identificação Social) ativo”.
A Receita Federal foi procurada pelo R7 e reconheceu o problema. O órgão afirmou que o CPF apontado foi protocolado inicialmente em nome da catarinense, mas que o erro está sendo corrigido. “Por essa razão, foi cadastrado um novo CPF para Luana Silva de Oliveira, de Planaltina (DF), e foi encaminhado por correspondência”, informou a entidade.
Com informações do site: R7