Além das duas pessoas e de um cachorro que morreram, outras duas meninas tiveram acesso ao alimento e estão internadas
Duas pessoas em situação de rua morreram na madrugada de hoje em Itapevi, município da Grande São Paulo, após receberem alimentos contaminados de um homem não identificado. Um cachorro também veio a óbito após ingerir a comida.
Além deles, dois menores de idade (uma menina de 17 anos e um menino de 11) estão internados pelo mesmo motivo. O pai do menino passava pelo local, aceitou o alimento e levou a comida para casa. O menino está no Hospital Geral de Pirajussara, e a adolescente, no Pronto-Socorro Central de Itapevi.
Segundo comunicado da prefeitura, as duas pessoas que morreram chegaram, anteriormente, a ser abordadas por assistentes sociais para se mudarem para um abrigo, mas recusaram — o município está usando o Ginásio do CIE (Centro de Iniciação ao Esporte) com esta finalidade durante a pandemia.
O prefeito de Itapevi, Igor Soares, afirmou em seu Facebook que a cidade não pode obrigar todos os moradores em situações precárias a se mudarem para o abrigo e se mostrou indignado com a situação.
“Além destes, uma criança e uma adolescente, que moram em residência com a família, tiveram acesso à refeição, passaram mal e estão internadas. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil, que buscará todos envolvidos”, disse. A Polícia recebeu informações de guardas municipais, assistentes sociais e profissionais da Secretaria de Segurança do município na apuração.
Menores reagem aos poucos, diz pai
Em entrevista ao Brasil Urgente, Flávio de Araújo, que morava com os dois menores, sendo pai do mais novo, comentou hoje que ambos estão intubados no hospital, tomando os medicamentos e reagindo aos poucos.
Flávio conta que recebeu as marmitas de Vagner, um dos moradores de rua que morreram. “O Vagner levou três marmitas para mim por volta de 23h30. Aí peguei uma e só comi a mistura, a salsicha e a linguiça, meu filho comeu a outra e depois de 15 minutos desceu do quarto e passou mal, com ânsia de vômito. Ele entrou no banheiro, desmaiou, teve uma convulsão e bateu a cabeça no chão.”
Na entrevista, ele relatou que não havia nenhuma ambulância disponível do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) em Itapevi e teve de levar o filho ao hospital com seu próprio carro. Chegando lá, a menor de 17 anos, que também comeu da marmita, passou mal.
Flávio conta que é comum que, a partir das 20h, carros surjam com doações, entregando marmitas, roupas e calçados. Em um desses casos, vieram as marmitas que teriam causado o envenenamento. Segundo ele, outras pessoas em situação de rua chegaram ao Pronto-Socorro Central de Itapevi com os mesmos sintomas que o seu filho.
Uol