Depois das chuvas que provocaram inundações devastadoras no mês passado no Rio Grande do Sul, essa região e biomas como a Amazônia e o Pantanal devem enfrentar uma seca “severa”, alertou nesta quarta-feira (5) a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

“O que estamos vendo nas chuvas no Rio Grande do Sul e os efeitos dessas chuvas nós vamos ver em estiagem, provavelmente na Amazônia e no Pantanal (…) nós vamos ter um fenômeno terrível, que são os incêndios e as queimadas”, disse Marina durante entrevista coletiva no Palácio do Planalto, em Brasília.

A ministra explicou que uma “mistura” de fenômenos naturais, como El Niño e La Niña, e a “potencialização das mudanças climáticas” provocam esses eventos extremos também na Caatinga e no sul do estado do Rio Grande do Sul, que vive o pior desastre climático de sua história.


“Temos o mesmo acontecendo também no Pantanal, na Amazônia e também em relação ao nordeste na Caatinga, que ja vive momentos de estiagem severa, e, no caso do Rio Grande do Sul, vamos ter estiagem severa”, acrescentou Marina, responsável pelas políticas do governo federal contra as mudanças climáticas.

A ministra participou, juntamente com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de um evento em que foram assinados diversos acordos, incluindo um firmado com os governos dos estados que cobrem a Amazônia e o Pantanal para prevenir e combater incêndios.

Como consequência da seca, a Floresta Amazônica e a maior zona úmida tropical do mundo vão sofrer novos incêndios, alertou Marina. O Brasil registrou um número recorde de incêndios florestais de janeiro a abril, com mais de 17 mil identificados, segundo dados oficiais.

Após o retorno de Lula ao poder, em janeiro de 2023, Marina Silva, uma renomada ativista ambiental, retomou as rédeas do ministério que ocupou durante grande parte dos dois primeiros governos do líder de esquerda (2003-2010). Desde então, a ministra se concentrou em reverter as políticas do ex-presidente de extrema direita Jair Bolsonaro (2019-2022), especialmente com o objetivo de alcançar o desmatamento zero até 2030.


Embora tenha sido reduzido pela metade em 2023 na Amazônia, a maior floresta tropical do planeta, o desmatamento aumentou 43,6% no mesmo período no Cerrado, que se estende por 11 estados, do centro ao nordeste do país.

Marina revelou que, entre janeiro e maio deste ano, o desmatamento no Cerrado foi reduzido em 12,9%, mas lembrou que ainda não há uma tendência definida. “Ainda é cedo para dizer que há uma inflexão duradoura e constante na curva”, ressaltou.

Ao contrário da Amazônia, o desmatamento é permitido sob certas condições no Cerrado, mas a ministra disse que o governo faz um apelo à conservação, já que a “remoção da cobertura vegetal está causando graves danos ambientais, como a redução da vazão dos rios”, além de prejuízos econômicos.