Cerca de 10 mil dólares, aproximadamente 40 mil reais. É quanto custa uma máquina de dessalinização que mede cerca de dois metros de altura, dois de largura, e pode produzir até 500 litros de água potável por hora, a partir da água do mar.
A planta piloto do equipamento, de fabricação israelense, está exposta no estacionamento do Museu de Arte Moderna da Bahia, na Avenida Contorno. Ele é uma das soluções já utilizadas em várias cidades do mundo, para produzir água doce. A escassez hídrica é um problema que atinge boa parte do território baiano. Estima-se que cerca de 85% do estado da Bahia tem clima semiárido, onde são registrados baixos índices de chuva ao longo do ano.
A exposição faz parte da programação do III Seminário da Associação Latino-americana sobre Dessalinização, Reúso e Tratamento de Água e Efluentes (ALADYR). O evento está sendo realizado em Salvador até amanhã. Durante dois dias, profissionais de empresas públicas e privadas, autoridades municipais, estaduais e federais vão discutir técnicas e projetos científicos para reutilização da água, produção de água doce, tratamento de águas e efluentes, aproveitamento de água da chuva, controle de qualidade da água e transferência de tecnologia.
Entre as soluções tecnológicas que serão propostas durante o evento estão as iniciativas realizadas através de uma parceria entre a multinacional norte-americana Fluence e a Central de Tratamento de Efluentes e Resíduos Industriais (Cetrel) do Polo Industrial de Camaçari.
“O valor da água não necessariamente está na sua origem, mas na confiança de sua disponibilidade e qualidade. Tecnologias de reúso e dessalinização são pontos-chave para sustentabilidade hídrica na América Latina”, afirma Eduardo Pedroza, especialista em água e efluente da Cetrel.
Apenas 2,5% da água do planeta é doce. A outra parte, cerca de 97,5% da água presente nos mares e oceanos, é salgada. E um outro dado aumenta ainda mais a preocupação dos especialistas. De acordo com um relatório das Nações Unidas, em todo o mundo as reservas de água doce devem ser reduzidas em 40% até 2030.
Por isso, a dessalinização vem sendo apontada como uma das principais saídas para fornecer mais água para a população mundial. O processo já é muito utilizado na Austrália e em países do Oriente Médio.
No Brasil, várias pesquisas estão em andamento em diversos centros de pesquisa e universidades. Um dos projetos é o Programa Água Doce, monitorado pelo governo federal. As ações começaram a ser implantadas em 2012 nos nove estados do Nordeste e também em Minas Gerais.
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Regional, nos últimos 7 anos já foram concluídas 639 obras de implantação de sistemas de dessalinização. Cerca de 145 delas foram instaladas em 24 municípios baianos no fim do ano passado.
As iniciativas também incluem ações para reaproveitar os rejeitos gerados pelo processo de dessalinização. Uma delas, sugerida pela EMBRAPA e já implantada pelo Ministério do Meio Ambiente em alguns municípios brasileiros, envolve o reúso dos rejeitos na criação de peixes e plantio de forrageiras para alimentar caprinos.
Serviço:
O QUE: Seminário da Associação Latino-americana de Dessalinização e Reúso de Água (ALADYR)
ONDE: Wish Hotel da Bahia, Campo Grande, Salvador.
QUANDO: 22 e 23 de maio de 2019