No final de agosto e no início de setembro, a dentista Luciana Krull, de 40 anos, teve madrugadas difíceis. Ela afirma que seus filhos gêmeos, Lucas e Gabriel, de dois anos, foram diagnosticado com pneumonia, tiveram crises de tosse, otite e bronquite, além de episódios de vômito. Em meio à recuperação das crianças, a dentista foi surpreendida com uma notificação do condomínio em que mora, no Recreio dos Bandeirantes, reclamando do choro dos bebês durante a noite.
No documento, que foi enviado para a dentista por email, Luciana foi advertida quanto ao “não cumprimento das normas estabelecidas na Convenção e no Regulamento interno”.
Na descrição da “infração cometida”, constava “choros e gritos de criança constantemente antes das 7h”.
O documento do condomínio, em que Luciana mora desde dezembro de 2018, alertava ainda que, caso a situação se repetisse, ela poderia ser penalizada.
“Eu fiquei arrasada. Ser notificada oficialmente por uma coisa que eu não tenho como controlar é absurdo. São duas crianças pequenas, que estavam muito doentes, tomando antibiótico e corticoides que os deixavam enjoados. O estranho é que ninguém nunca reclamou nem me ligou”, conta ela.
A dentista publicou o caso em seu perfil do Facebook e o relato foi compartilhado mais de 1.200 vezes.
“As crianças, eu e meu marido mal ficamos em casa. Às 7h eles estão na creche, voltam para casa depois das 18h e às 19h30 já estão dormindo. Foi um caso isolado, porque eles ficaram mal e são pequenos. Normalmente, ficamos o dia inteiro fora e, mesmo nos fins de semana, não costumamos ficar aqui”, diz.
Empresa responsável diz que não houve excesso
Responsável por emitir a notificação, a empresa BMC, terceirizada que faz a gestão do prédio, afirmou que não houve excesso.
“Não houve extremo algum, a gente está cumprindo um protocolo. Sabemos que é delicado, mas houve várias reclamações (foram quatro ao todo), de um choro excessivo durante a madrugada. A BMC se solidariza, mas a advertência teve que ser aplicada”, afirmou.