O descuido de funcionários com os mortos e seus familiares tem um componente de desumanidade, de falta de compaixão, de desprezo com a dor dos outros.
O vírus ja não é a causa da ferida na alma quando um familiar é acometido e morre pela Covid. A dor vem de um vexame de servidores públicos descuidados, para dizer o mínimo.
São eles a causa do espanto e da humilhação. Em cada cadáver trocado deveria vir impressa a frase memorável do filme “A coisa”, do diretor Gary Dauberman, como assinatura desses poucos servidores que pecam pelo desleixo e pela incompetência:
“Eu sou cada pesadelo que você já teve, eu sou o seu pior sonho se tornando realidade. Eu sou tudo o que você sempre teve medo”.
E preciso ter medo mesmo de quem não honra cargos, funções ou atribuições que, em tese, deveriam ligar governo e sociedade.