Após o vídeo chocante de um adolescente negro sendo chicoteado em uma unidade do Ricoy Supermercados viralizar na internet, novos casos de tortura associados ao grupo vieram à tona. Imagens obtidas com exclusividade pelo jornal Brasil de Fato e divulgadas nessa quarta-feira (5) mostram outros dois jovens sendo torturados por seguranças da rede.
Uma das fotografias mostra um jovem amarrado e com diversas marcas de chicotadas, em um local que parece ser o fundo do supermercado paulista. Em outra fotografia, a vítima aparece ao lado dos produtos que teria tentado furtar do supermercado, como alimentos congelados, chicletes, desodorantes e um shampoo.
A reportagem do Brasil de Fato também recebeu um vídeo no qual um homem, que seria funcionário do supermercado, tortura psicologicamente uma criança.
“Você vai ficar em uma cela cheio de moleques da sua idade, ou mais velho, tem uns lá que gostam de abusar de outro moleque. Olha que legal”, diz o homem em um trecho da gravação.
Confira o vídeo:
Procurado pelo BHAZ, o supermercado enviou uma nota, por meio da qual informa que “repudia todos os casos de violência que ocorreram dentro e nos arredores de suas lojas por funcionários ou terceirizados.”
Confira a nota do Ricoy Supermercados na íntegra:
“Diante dos graves fatos apresentados nos últimos dias, o Ricoy Supermercados enfatiza:
1- Repudia todos os casos de violência que ocorreram dentro e nos arredores de suas lojas por funcionários ou terceirizados.
2 – Todos os casos de agressão, discriminação ou violação dos direitos humanos devem ser punidos com o maior rigor da lei. Por isso o Ricoy está coloborando com as investigações de forma irrestrita e proativa. Alias, os seguranças, que não trabalham mais em nossos supermercados, já tiveram a prisão decretada pela Justiça.
3 – Se ficar comprovado que qualquer funcionário participou de atos de violência de qualquer natureza, será afastado e demitido sumariamente
4 – A acusação de que adota como prática a utilização de métodos obscuros diante de casos de furto dentro de suas lojas é totalmente falsa e descabida.
5 – A orientação sempre foi encaminhar para a autoridade policial quem for flagrado furtando objetos ou produtos dentro das lojas.
6 – Jamais orientou-se qualquer conduta que estimule a violência, a discriminação, a coação, o constrangimento ou a força desmedida e desnecessária. Qualquer um desses métodos são inaceitáveis nesta ou em qualquer época.
7 – A assistente social está empenhada em promover o acolhimento dos envolvidos no caso em todas as necessidades que forem identificadas.”
Relembre o primeiro caso
A Polícia Civil de São Paulo investiga a tortura de um adolescente de 17 anos que teria furtado uma barra de chocolate na unidade da rede Ricoy da Avenida Yervant Kissajikian, na Via Joaniza.
Parte das agressões foram filmadas, e o vídeo viralizou na internet ao longo das últimas semanas. Nas gravações, é possível ver o jovem sem roupa, amordaçado, sendo chicoteado com fios elétricos trançados e ameaçado de morte pelos seguranças do supermercado.
Na ocasião, a rede Ricoy havia informado ao BHAZ que tomou conhecimento do fato por meio da imprensa, e que os seguranças foram, imediatamente, afastados. A rede de supermercados declarou ainda que repugna a atitude e “que não coaduna com nenhum tipo de ilegalidade e colaborará com as autoridades competentes envolvidas na apuração do caso, a fim de tomar as providências cabíveis”, disse em nota.