Imagine ir ao supermercado e encontrar ovos a preços altíssimos ou simplesmente não conseguir encontrar o item para comprar. É isso que está acontecendo em alguns países, por diferentes motivos. Como resultado, já faltam ovos em Portugal, EUA e Reino Unido, além de outros países do mundo.

A escassez global de ovos tem diferentes motivos no mundo, apesar de ter viralizado neste início de ano nas redes a partir da falta do item nos EUA.

Além das piadas e memes, a falta de ovos tem preocupado a população do país, sobretudo a mais pobre e vulnerável, que depende de doações e programas sociais.

Para cada país, existe um conjunto diferentes de justificativas. No caso dos EUA, um surto devastador de gripe aviária tem gerado a crise. Ao menos 44 milhões de aves poedeiras foram perdidas, o que fez o preço disparar e até mesmo o alimento sair do mercado em alguns estados. Ao todo, 47 dos 52 estados americanos foram atingidos, sendo Iowa o mais prejudicado.

Quando encontrado, o preço da dúzia de ovos é de US$ 7,37 (R$ 38,14) segundo o G1. Há um ano, o preço era de US$ 2,35 pelo mesmo produto.

Em Portugal, a Anapo (Associação Nacional dos Avicultores Produtores de Ovos) diz que o país passa pela sua pior crise, mas que o horizonte já traz boas notícias. Isso porque apesar do produto estar em falta desde a demanda de dezembro, com o Natal, a situação logo deve se normalizar ao longo do mês de janeiro.

No Reino Unido, a situação é mais delicada. Os altos custos trazidos pela guerra entre Rússia e Ucrânia e a gripe aviária causam a crise. No país, quando encontrados, os ovos são limitados e podem vir acompanhados de avisos sobre serem de países da União Europeia, da qual o Reino Unido não faz mais parte, o que também eleva o preço.

A crise também é vivida na Nova Zelândia, por conta de leis locais que proíbem a criação de aves em gaiolas e que começaram a vigorar este ano. O país precisaria de 300 mil galinhas poedeiras a mais que o número atual para dar conta da demanda. A situação por lá deve demorar meses para ser solucionada.

Pode faltar ovo no Brasil?

Segundo autoridades e especialistas, não. O nosso país não tem histórico de gripe aviária e nem sobre, diretamente, os efeitos da guerra europeia nesse mercado. No entanto, o preço deve seguir elevado em 2023 por conta de uma forte crise que elevou o preço do milho em 2020.

“Tivemos uma queda de 5% da produção de ovos em 2022 e estamos projetando recuo de 2% em 2023, fruto da diminuição de matrizes [aves poedeiras] no tempo do pico do milho, quando ele chegou próximo a R$ 100 a saca”, diz Ricardo Santin, presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).

Ele explica que, como uma matriz produtora de ovos passa dois anos produzindo, uma crise como a de 2020 tende a levar de dois a 3 anos para parar de ser sentida no mercado.

Atualmente, o Brasil produz cerca de 1.350 ovos por segundo, estima a ABPO. Apesar de não termos falta de oferta, o preço do insumo deve continuar elevando o preço do produto em 2023.