O estudante de enfermagem Rodolfo Borges*, de 24 anos, vem enfrentando dificuldades para continuar frequentando o curso de enfermagem numa faculdade localizada na Avenida Antônio Carlos Magalhães. Morador do bairro de Castelo Branco, ele teve o Salvador Card bloqueado na semana passada após ter emprestado o cartão para a irmã buscar emprego.
De família de baixa renda, o estudante estagia em dois hospitais, um em Brotas e outro na Boa Viagem, além de um orfanato na Lapinha. Porém, em todos eles, o jovem atua de forma voluntária.
Rodolfo conta que recebeu a notícia com surpresa. Na sexta-feira da semana passada (25), ele tentou utilizar o cartão, mas foi negado. Sem saber o que estava acontecendo, se dirigiu até a sede do Salvador Card no Shopping da Gente, na última segunda-feira (28). Lá foi confirmado o bloqueio do benefício por seis meses.
Segundo ele, sua irmã pediu emprestado o cartão quatro vezes, entre julho e agosto. Desempregada, ela solicitou ao irmão a ajuda para tentar se recolocar no mercado de trabalho.
O impacto financeiro da perda já se abate na vida do estudante. Ele conta que já faltou faculdade e estágio nessa semana por não poder pagar a tarifa de R$ 4. Além disso, parentes e vizinhos estão ajudando, emprestando dinheiro para que ele possa sair para tentar resolver seus problemas.
Se não bastasse o transtorno, o estudante ainda reclama do tratamento dado pelos órgãos responsáveis. “Foi constrangedor. Tanto o Salvador Card quanto a Semob (Secretaria de Mobilidade) me trataram com desdém. Foram intransigentes. Pedi para que ao menos diminuíssem o tempo do bloqueio para três meses, mas nem isso consegui”, diz.
“Coisa muito pior os nossos governantes fazem e ninguém faz nada. Acho que respeitar é a principal forma de garantir o nosso voto na próxima eleição. Isso é uma injustiça”, desabafa Rodolfo.
A equipe do Varela Notícias tentou falar com César Nunes, coordenador da área de gratuidades da Integra, mas não conseguiu entrar em contato até a publicação da matéria. A assessoria de comunicação da Integra se restringiu a dizer que, quem teve o cartão bloqueado, deve se dirigir ao Shopping da Gente para apresentar defesa.
Em nota, a Semob informou que “qualquer cartão de benefício é de uso exclusivamente pessoal e intransferível” e que a informação está inserida no verso do cartão. “Não há como o estudante alegar que não tem conhecimento desta norma”, acrescenta.
A pasta ainda diz que “sempre que há suspeita de fraude, comprovada através de sistema de reconhecimento facial, o caso é encaminhado para uma comissão formada, de acordo com Termo de Ajustamento de Conduta -TAC, estabelecido pelo Ministério Público”. “Caso seja constatado o uso indevido do benefício é dada ao estudante a possibilidade de defesa e, só quando a defesa é indeferida por esta comissão, o cartão é bloqueado por 180 dias”, completa a nota.
O VN também entrou em contato com a Defensoria Pública do Estado (DPE) que informou que casos como esse são atendidos pelo órgão. A DPE indica que pessoas na mesma situação de Rodrigo podem agendar atendimento através do telefone 129, pelo site defensoria.ba.def.br, ou presencialmente, na sede que fica na Rua Arquimedes Gonçalves, 271, Jardim Baiano.
*Nome fictício. A fonte preferiu ocultar sua identidade.
Varela Noticias