Era fim de uma tarde tranquila no domingo (13), no final de linha do bairro da Engomadeira, em Salvador, quando uma ação policial terminou em tragédia, com a morte de Ana Luíza Silva dos Santos, uma jovem de 19 anos vítima de bala perdida enquanto voltava do mercado. O caso gerou revolta entre a população, que realizou protestos contra a atuação dos agentes no bairro.

Apesar de ter sido socorrida pela viatura da 23ª CIPM, a moça não resistiu ao grave ferimento e deixou para trás a esperança de se formar na faculdade de Estética e Cosmética, em que estudava em Lauro de Freitas. Segundo Cris, uma amiga próxima da família, à Rede Bahia, o corpo da menina foi velado com o jaleco de médica, simbolizando seu sonho.

Ela estava vestida com a roupa dela, com o jaleco dela, com o nome dela, que era pra estar na faculdade hoje. Era o sonho que ela estava realizando. Agora ela está com o jaleco dentro do caixão”
Com temor de que a situação se repita novamente no bairro, pois tem uma filha estudante, a mulher desabafou sobre o ocorrido. “É muita tristeza e revolta, porque é uma situação que é inacreditável. Eu vi ela passando ontem aqui, passando na frente do meu estabelecimento, e hoje eu fui reconhecer o corpo dela. Eu nunca imaginaria que eu ia reconhecer o corpo daquela menina doce”, disse.

Fortemente abalados, os familiares de Ana Luíza foram ao Cemitério Ordem 3ª de São Francisco, na Baixa de Quintas, para se despedir da filha pela última vez nesta tarde de segunda-feira (14).

Conforme comunicado enviado para o Portal, a Polícia Militar informou que os agentes da 23ª CIPM foram surpreendidos por tiros de um grupo de suspeitos, enquanto faziam rondas na Rua Nanan. Durante o revide e tiroteio, a jovem foi atingida e encontrada ferida ao chão. Ela rapidamente foi socorrida, mas não resistiu.

No entanto, a versão foi contrariada por moradores do local, que afirmaram ter visto os policiais atirando deliberadamente em um usuário que tentou fugir em uma via movimentada. “A viatura desceu igual louco ai parecendo que tinha dez ou vinte homens atirando neles. Sendo que não foi nada disso, não teve tiroteio algum”, iniciou.

“E depois, eles ainda jogaram bomba de gás sem motivo, porque ninguém estava agredindo eles. Só queria que eles tratassem a gente como ser humano”, comentou um morador.