Interceptações realizadas pelo Departamento de Repressão e Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (Draco-LD), no contexto da Operação Falsas Promessas, confirmaram que o policial militar Lázaro Alexandre Pereira de Andrade, conhecido como “Tchaca”, obteve acesso indevido a informações confidenciais sobre a investigação, no final de 2024. O material inclui detalhes precisos de uma representação que tramitava sob segredo de Justiça.

Na última quinta-feira (9), a operação avançou para sua segunda fase, com mais de 20 mandados judiciais sendo cumpridos.

Segundo apuração do Informe Baiano, uma das gravações, feita no dia 18 de dezembro de 2024, flagrou “Tchaca” comentando que o DRACO estaria solicitando sua prisão, bem como de outros alvos da investigação. O militar chegou a descrever, com riqueza de detalhes, o conteúdo do relatório sigiloso, incluindo a ordem exata dos tópicos e os nomes dos investigados, como o do policial Jeferson Silva França, conhecido como J. França.

O episódio aponta para um vazamento grave de informações diretamente do processo, configurando possível violação do segredo de Justiça e tentativa de obstrução das investigações.

Mais preocupante ainda é o teor de outro trecho da conversa, que levanta suspeitas sobre um possível esquema de extorsão envolvendo um servidor do Judiciário. Conforme a gravação, um advogado teria atuado como intermediário, cobrando R$ 80 mil por investigado para evitar que o juiz decretasse as prisões, restringindo as medidas apenas à busca e apreensão. Curiosamente, cerca de 20 dias após o diálogo, a Justiça negou os pedidos de prisão, limitando as ações às buscas.

Já no dia 21 de março, o próprio Tchaca utilizou suas redes sociais para confirmar que teve acesso prévio aos documentos sigilosos da investigação. Em tom de ameaça, ele ainda afirmou que poderia revelar o esquema, mencionando que desde novembro já sabia da existência de um mandado de busca e apreensão contra ele e outros colegas, mesmo o caso tramitando sob sigilo.

“Desde novembro eu recebi a informação de que havia um mandado de busca e apreensão contra mim. Inclusive, recebi a foto, um print do processo. Mas não vou aceitar que tentem manchar minha imagem e minha carreira”, declarou o policial em vídeo divulgado nas redes.

A investigação permanece em curso, agora concentrada em rastrear a possível rede de proteção que estaria atuando para blindar integrantes do grupo e frustrar a ação da Justiça.