A propagação de notícias falsas sobre vacinação foi o gatilho para a morte de duas crianças nas Filipinas. A mãe dos meninos deixou de vaciná-los contra sarampo por acreditar que as doses fariam mal à saúde dos filhos. Por fim, eles acabaram contraindo a doença e morreram.
O país vive um surto de sarampo e, só em 2019, aproximadamente 35 mil pessoas já foram infectadas e, aproximadamente, 500 morreram. Em entrevista à BBC News, a mãe dos meninos, Arlyn Calos, contou que perdeu os dois filhos no intervalo de uma semana. Os casos ocorreram no ano passado.
Ela disse que não vacinou os meninos porque havia lido notícias dizendo que a vacina faria mal à saúde das crianças. “Sinto raiva, porque eu não deveria ter dado ouvidos à TV e ao Facebook. Deveria ter protegido meus filhos, assim eles não teriam pegado sarampo”, desabafou.
“Foi muito difícil perder dois filhos, mas estou me recuperando. Quando tiver filhos novamente, não vou hesitar em vaciná-los para que fiquem seguros”, disse a mulher.
Confusão de sarampo com dengue
No país há uma vacina segura contra sarampo disponível, contudo, a desinformação começou por conta de outra vacina, a Dengvaxia, usada no combate à dengue.
Começaram a circular no Facebook informações de que a dose que imuniza contra a dengue teria sido responsável pela morte de algumas crianças. Contudo, as investigações ainda não conseguiram concluir que, de fato, as vacinas causaram alguma vítima.
O que ocorre nas Filipinas é que, segundo o portal de notícias PhilStar Global, numa reportagem postada com data de segunda-feira (5) – o fuso horário é de 11 horas na frente do Brasil -, o governo filipino estuda retomar o programa de vacinação em massa que usa a Dengvaxia, interrompido recentemente, para lidar com o surto de dengue que atinge o país.
De acordo com a reportagem, a campanha foi suspensa, pois a farmacêutica Sanofi teria informado que a Dengvaxia poderia aumentar os riscos à saúde daquelas pessoas que não contraíram o vírus da dengue.
O porta-voz da presidência filipina, Salvador Panelo, informou que o presidente Rodrigo Duterte foi recomendado pela Secretaria Nacional de Saúde para retomar a vacinação, mas frisou que o caso requer estudo porque os especialistas ainda não têm certeza sobre a segurança do medicamento.
Em 23 de agosto de 2018, a Sanofi Pasteur alterou a bula da vacina do Dengvexa para direcionar seu uso para pessoas que tiveram alguma infecção prévia por dengue.