Ao que tudo indica, os problemas gerados pelos conflitos armados na comunidade de Vila Verde estão longe de acabar. Quando não são os efeitos diretos, como o risco de ser atingida por uma bala perdida, a população tem que lidar ainda com o aumento absurdo no valor dos aluguéis.

Como muitas famílias saíram às pressas, principalmente nas regiões mais afastadas do centro do bairro, como a Rua Jardim Botânico, os donos de kitnets triplicaram os valores da locação na Rua Vila Verde, na entrada da região. Ou seja, eles, que cobravam R$200, agora querem R$600! “A dona da casa que morro disse que é isso ou rua”, relatou à Coluna, uma diarista, mãe de três crianças.

E quando questionados, os proprietários, que lucram em cima do medo e desespero daqueles menos afortunados, justificam seu desprezível oportunismo na lei da oferta e procura. Que situação!

A possibilidade do fechamento definitivo da Escola Municipal Laura Sales, em Vila Verde, preocupa os moradores – as crianças estão há mais de 20 dias sem aulas por causa dos confrontos entre o BDM e o CV. Segundo eles, os professores e funcionários não querem mais retornar ao prédio, que fica próximo uma área de vegetação, onde a guerra acontece.

Os pais foram convocados pela direção para uma reunião, em que seria comunicado a transferência dos alunos para a Escola Municipal Padre Manuel Correia, em Mussurunga, mas, em protesto, eles não foram. Em nota, a Secretaria Municipal de Educação disse que as aulas em Vila devem voltar nesta segunda (10), que “chegou a haver proposta de transferência da unidade de ensino, que, após análise, foi afastada, uma vez que o clima de tensão se arrefeceu”.

Mas caso haja o fechamento da unidade, além do custo do transporte, os pais terão um grande problema: a rixa entre os bairros. Quem é de Vila não pode pôr os pés em Mussurunga, e vice-versa, pois é o risco de morte é iminente!

Tribunal do crime


O corpo de homem foi encontrado com as mãos amarradas na sexta (07) em Cassange. Segundo a polícia, a vítima apresentava vários disparos. A região da execução é a mesma onde no dia 16 de maio foi achado esquartejado o obreiro Thiago Tavares dos Santos, 24 anos.

Thiago teve surto psicótico em Cajazeira, onde morava e foi morto por traficantes do BDM do Parque São Cristóvão, o “tribunal do crime” sentenciá-lo por invadir a casa de uma moradora.