José Carlos Ferreira dos Santos, o Olho de Gato, tem uma lista extensa de crimes graves em sua ficha. Alvo prioritário da Operação Duplo X, deflagrada nessa quinta-feira (6), o traficante do CV não foi encontrado pelos agentes e segue sem pagar por diversos crimes. Entre eles, estão o mando de dezenas de homicídios, extorsão, sequestro mediante extorsão, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Oficialmente, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) não confirma que Olho de Gato estava entre os procurados. Uma fonte da polícia, entretanto, afirma que ele era um dos alvos. “Ele estava na mira da polícia nessa ação. Quando se fala de traficante em Cosme de Farias, ele é um dos maiores ou o maior. A prisão dele seria de alto impacto para o CV, porque é ele quem dá ordens para o grupo que foi alvo da operação e é responsável pelas ações de rua da facção”, fala a fonte. Delegado da Polícia Federal, Eduardo Badaró é coordenador da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado na Bahia (Ficco), que deflagrou a Duplo X. Badaró definiu o grupo alvo da ação como ‘braço armado’ do CV na região de Cosme de Farias, destacando que os nove presos – oito por mandado e um por flagrante – são indivíduos caracterizados por ações de extrema violência.
“O ‘braço armado’ são elementos que recebem ordens de outros indivíduos, outros integrantes da facção, para proteger de forma violenta aquela estrutura, aquela localidade, guardando pontos de drogas e ameaçando populares, para se manter numa fictícia hegemonia daquele ambiente”, fala.
O próprio Olho de Gato foi denunciado em 2014 pelo crime de sequestro mediante a extorsão. Antes disso, em 2013, o criminoso virou réu por roubo majorado. Os crimes, de acordo com a fonte policial, não se limitam a Salvador. “Por ser uma liderança do CV, que já comandava o tráfico na época do Comando da Paz, ele tem influência na logística de distribuição de drogas e em ações das facções ao longo dos anos”, diz. Um sinal da extensão das práticas criminosas de Olho de Gato em outros municípios são suas conexões criminosas. Ele foi indiciado, por exemplo, por organização criminosa e lavagem de dinheiro ainda em 2012 após a Operação Guaricema, da Polícia Federal, na Bahia. A operação prendeu 34 pessoas e apreendeu mais de 77kg de cocaína, além de 32 armas de fogo.
Entre os presos do grupo, estava Kléber Nóbrega Pereira, traficante conhecido como Kekeu. Nos autos do processo, acessado pela reportagem, Kekeu tem atividades criminosas registradas pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) em municípios fora de Salvador. “Kekeu registra ações penais por sequestro, cárcere privado, extorsão mediante sequestro, homicídio simples, homicídio qualificado (02) e roubo majorado, perante os Juízos Criminais de Feira de Santana, Salvador e Simões Filho”, diz texto.
Outro nome indiciado no processo é José Henrique de Souza Conceição, conhecido como Papa, outra liderança do CV. Ele foi preso em novembro de 2023 em Pernambuco. De acordo com a SSP-BA na época, apesar de ser localizado no Nordeste, Papa se escondia na Bolívia. De lá, tinha conexões com traficantes do CV no Rio de Janeiro e dava ordens para crimes em Salvador. A prisão de Papa aconteceu em uma ação conjunta do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil da Bahia e as Ficcos da Bahia e de Pernambuco.