O desabamento de parte do teto da igreja São Francisco de Assis, a “igreja de ouro”, no Centro Histórico de Salvador, deixou uma jovem morta e feridos nesta quarta-feira, 5.
O Portal A TARDE teve acesso ao acervo que trata da história da “igreja de ouro” na biblioteca do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A Igreja de São Francisco, construída no século XVIII, tem seu interior todo recoberto em ouro e jacarandá com talhas retratando anjos, animais e flores. Existem inúmeros painéis de azulejos, em tons de azul, na entrada do templo, no altar e na sacristia, retratando cenas alusivas a São Francisco de Assis — seu nascimento e renúncia aos bens materiais, trabalhos pintados por Bartolomeu Antunes de Jesus, um dos grandes mestres da azulejaria de Portugal.
A origem data de 1686, seguindo um projeto do Padre Vicente das Chagas. O convento foi iniciado primeiro e, em 1708, foi lançada a pedra fundamental da igreja, com o edifício terminado em 1723, mas sua decoração ainda levou mais tempo. O convento foi concluído em 1752, porém todo o complexo só foi finalizado em 1782, com a colocação dos azulejos e arremate da portaria. No século XX, os edifícios passaram por intervenções de restauro em diversas ocasiões.
A planta da igreja é incomum entre as edificações franciscanas do Nordeste brasileiro, pois tem três naves, ao passo que o desenho mais usual conta com apenas uma nave. A fachada, voltada para um grande largo onde existe um cruzeiro, tem influência maneirista, com duas torres laterais relativamente simples e um volume central mais decorado, especialmente no frontão.
Todas as superfícies do interior – paredes, colunas, teto, capelas – são revestidas de intrincados entalhes e douraduras, com florões, frisos, arcos, volutas e inúmeras figuras de anjos e pássaros espalhadas em vários pontos, além de painéis em azulejos portugueses com cenas e inscrições moralistas diversas. É considerada uma das mais significativas expressões do barroco no Brasil. O teto possui pinturas de Frei Jerônimo da Graça, realizadas entre 1733 e 1737.