As recorrentes cenas de aglomerações em todo o estado, somadas ao baixo índice de pessoas vacinadas com as duas doses podem fazer os casos de Covid-19 subirem novamente na Bahia.

A avaliação é da médica infectologista Ceuci Xavier Nunes, diretora do Hospital Couto Maia, que teme uma “explosão” no número de contaminados pela doença.

“O que pode acontecer é a gente ter uma explosão novamente de casos. Porque a gente sabe que a população brasileira tem um percentual grande de vacinados com a primeira dose. Com a segunda dose, ainda é um percentual muito pequeno pra gente ter aquela sonhada imunidade comunitária, que é a imunidade que ocorre quando a maioria da população está vacinada e diminui a circulação do vírus”, declarou a especialista em entrevista à Record TV Itapoan.

Outro fator que preocupa nesse cenário, de acordo com a médica, é a circulação da variante delta do novo coronavírus – mais contagiosa e resistente às vacinas -, já presente no Brasil.

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“O que a gente tem visto na literatura é que além de ser mais contagiosa, também as vacinas protegem um pouco menos com a variante delta. Então é uma preocupação a mais que a gente tem, com essa variante […] A gente fica extremamente feliz quando a gente vê as filas de vacinas, as pessoas indo se vacinar, mas ao mesmo tempo a gente vê um outro grupo de pessoas que não está preocupado com isso e que está se aglomerando e com o risco da gente disseminar rapidamente essa variante delta aqui no estado”, afirma Ceuci.

De acordo com a secretaria estadual de Saúde, até esta segunda, a Bahia ainda não possui registro de caso da variante indiana.

Jovens

A infectologista chama atenção para o público jovem, que, na última onda da pandemia no estado, representou parcela importante dos contaminados pelo novo coronavírus.

“A última onda que a gente vem tendo, desde fevereiro, março, foi muito jovem que foi contaminado, com doença grave, internado na UTI. E ainda tem a questão de que nenhuma vacina protege 100%. Então algumas pessoas são mais suscetíveis a ter uma resposta menor à vacina, como os idosos e as pessoas de comorbidade. E esses jovens, além de ter o risco pra si, ele tem o risco para os familiares, para as pessoas mais vulneráveis”, alerta.

Terceira dose

Tema que tem ainda tem sido alvo de discussões, de acordo com Ceuci Nunes, a aplicação ou não de uma terceira dose da vacina contra a Covid-19 no Brasil caberia ao Ministério da Saúde, não aos estados.

“Porque o Programa Nacional de Imunização, ele é nacional. A outra questão é que os países que estão introduzindo a terceira dose, eles já vacinaram um quantitativo muito maior de pessoas. Então a prioridade ainda é vacinar a população, para depois fazer provavelmente a terceira dose nos mais vulneráveis”, pontua.