Leandro Santos Azevedo, 19 anos. Essa é a identidade de mais uma pessoa que perdeu a guerra para o coronavírus em Salvador. Os familiares dele, ainda enlutados com a perda, têm de lutar com outro problema que os assusta: um áudio enviado pelo próprio jovem antes de ter o óbito confirmado dentro do Hospital de Campanha montado no Wet’n Wild, localizado na Avenida Luís Viana (Paralela).
Marcos Azevedo, tio paterno do rapaz, já ouviu o arquivo. Ele informou ao Aratu que o sobrinho, antes de morrer, enviou o áudio pelo aplicativo WhatsApp, no qual dizia que ouviu profissionais do hospital falando que iam lhe intubar e, em seguida, desligar os aparelhos. A mensagem teria sido passada para Talita Fernandes, namorada de Leandro, e deixado o paciente muito preocupado, já que na conversa ele afirma estar bem melhor.
Segundo Marcos, o sobrinho deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Avenida San Martin no último domingo (28/6), com os sintomas da doença, e foi transferido para o Wet’n Wild no dia seguinte. A morte do jovem foi informada à família na manhã de terça-feira (30/6).
“[Funcionários] ligaram, dizendo que era para a mãe comparecer com a documentação dele. Ela foi lá com a namorada e a assistente social informou que ele foi a óbito, por causa de uma parada cardíaca que ocorreu durante o processo de entubação”, contou Marcos.
Uma divergência, porém, deixou o tio de Leandro intrigado: quando ele foi providenciar a documentação necessária para o sepultamento verificou que a causa da morte foi diagnosticada como: insuficiência respiratória, Covid-19 e pneumonia. “Pelo áudio que ele mandou pra toda família, dizendo que iam intubar ele e que iam desligar o aparelho, a gente está achando a situação muito estranha, tratando-se de um jovem de 19 anos”, ressaltou Marcos.
Procurada pela reportagem do Aratu On, a assessoria de comunicação da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que, de acordo com o apurado junto à empresa Associação Saúde em Movimento (ASM), responsável pela gestão do hospital, não houve erro ou negligência médica no atendimento a Leandro e que a piora clínica do paciente “evoluiu rápido”, apesar de toda estrutura assistencial.
Leia nota na íntegra:
A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) informa que de acordo com o apurado junto à empresa Associação Saúde em Movimento (ASM), gestora do Hospital de Campanha do Wet’n Wild, não houve erro/negligência médica no atendimento ao paciente Leandro Santos Azevedo. Ainda segundo a ASM, devido a complicações do estado clínico do paciente, a equipe médica optou pela intubação do mesmo, uma vez que o tratamento com uso do respirador mecânico não estava surtindo efeito. Infelizmente, a piora clínica evoluiu rápido, apesar da utilização de toda estrutura assistencial disponível no leito de UTI da unidade. Ainda assim, uma equipe técnica da SMS responsável pela fiscalização das metas qualitativas dos atendimentos ofertados à população pelas empesas terceirizadas fará apuração dos fatos.