O constante vai e vem aliado aos diversos desafios ligados à mobilidade são elementos que fortalecem e ampliam a união entre os motoristas de aplicativo que, dia a dia, acompanham o fluxo intenso na cidade. A convergência não se dá apenas por afetos, mas é também uma forma de elucidar as insatisfações da classe em forma de paralisações, como as que estão previstas para acontecerem no dia 15 de maio no Brasil.
O grupo que ‘respira’ o município e deixou de enquadrar na categoria ‘bico’ para se tornar a principal fonte de renda tem sofrido dificuldades para se manter firme no percurso.
Ao Portal 6, o representante dos profissionais por aplicativo de Goiânia e líder comunitário da região Sudoeste, Miguel Veloso, elucida alguns motivos que atrapalham a atuação da classe no Brasil.
De acordo com ele, um dos principais agravantes lidados pela classe atualmente é o valor do combustível. Segundo ele, o alto preço cobrado pelo produto pode reduzir os lucros dos profissionais e causar uma queda na entrada de novos motoristas na área.
Outro apontamento feito pelo líder diz respeito à mobilidade urbana que segue oferecendo uma infraestrutura precária a categoria e, consequentemente, gera mais gastos de manutenção dos veículos para os condutores.
“Muitos profissionais até optam por trabalhar com carro alugado porque aí eles não tem tanto gasto com a manutenção já que isso fica sob responsabilidade do locador. O gasto maior [nessa situação] fica sendo com o combustível”, explica.
Aliado às mazelas presentes nas ruas, Miguel também aproveita para reforçar mais um dos problemas vividos pela classe: a falta de segurança no trânsito que afeta principalmente a modalidade de motociclistas por aplicativo – como o emblemático acidente ocorrido no dia 21 de abril, em pleno viaduto da T-63.
Por fim, encerrando a listagem, o líder também aponta a falta de planejamento para acolher os motoristas que atuam na área.
“O que precisa ser entendido é que atualmente o aplicativo não é mais uma renda extra e sim a renda principal de muitos. Ela deixou de ser um bico para ser uma profissão. A cidade ainda não entendeu que esses profissionais precisam ser acolhidos como qualquer outra profissão e necessita tomar medidas de acolhimento para eles”, finaliza.
Pontos positivos
Apesar das lutas apontadas por Miguel, a profissão também tem um lado positivo que motiva os atuantes a seguirem na atividade.
De acordo com o representante, o principal incentivo para a continuação no segmento são os ganhos que podem ser até maiores se comparado a pessoas que estão no regime de contratação CLT.
“O salário não chega a ser ruim. Quanto mais você trabalha, mais você ganha. Hoje, para ter uma ideia, um profissional de aplicativo ganha em torno de R$ 1400 e R$ 1500 por semana, quando é carro. Já em moto chega a ser R$ 700, R$ 800”, conta.
Além da renda, a flexibilidade de horário também representa mais uma um fator estimulante para aqueles que estão no segmento, uma vez que eles mesmos podem montar a própria rotina de trabalho.
Por fim, Miguel também destaca que há uma certa comodidade no ofício, pois todos os motoristas podem realizar o trabalho dentro do próprio automóvel, o que dá uma certa liberdade aos condutores.
Portal 6