Se em 2023 completou-se 200 anos da Independência da Bahia, neste ano celebramos o bicentenário do desfile em homenagem ao 2 de julho e, com ele, todos os personagens importantes dessa luta que libertou o país da coroa portuguesa. Para nos ajudar nessa missão, o BNews bateu um papo com o professor e historiador Jaime Nascimento.
Joana Angélica
“É a primeira que morre por conta da guerra. Os soldados invadem o Convento da Lapa e ela não permite, toma a frente e termina sendo ferida com uma baioneta, por um soldado transtornado, e ela morre defendendo o convento”.
Soldado tambor Soledade e corneteiro Lopes
“A segunda morte registrada é a do soldado tambor Soledade. Soldado tambor é um cargo, era uma posição que a pessoa tinha, porque existia nessa época a participação de alguns instrumentos para dar orientação do comando, quando dizia para recuar, invadir ( …) Então, nessa guerra da Independência, são dois: o soldado tambor Soledade e o corneteiro Lopes, que são figuras que se destacam. O soldado, lá em Cachoeira, em 25 de junho de 1822, quando tem lá a consagração de Pedro como defensor perpétuo do Brasil, o pessoal está indo na praça em frente à Câmara Municipal e ele termina sendo atingido. É a segunda morte registrada oficialmente na batalha, é o segundo personagem que morre nessa batalha”.
Piriquitão
“Piriquitão, o avô de Castro Alves, Antônio Alves, forma um grupo. É importante falar que foram grupos patrióticos de baianos e brasileiros que se juntaram voluntariamente e lutaram na independência, não foi soldado. Soldados tinham os portugueses. Então, o avô de Castro Alves forma um grupo chamado Batalhão dos Piriquitos, porque eles vestiam de verde e amarelo e, naquela época, associaram-se ao pássaro”.
Maria Quitéria
“Foi no Batalhão dos Piriquitos que se alistou Maria Quitéria, vestida com as roupas do cunhado e usando o nome dele. Apresentou-se como soldado Medeiros, se inscreveu e lutou nas batalhas de independência do Brasil na Bahia”.
João das Botas
“A Marinha de Guerra do Brasil nasce na Bahia, na Independência, nas guerras de Independência, porque não existia marinha de guerra no Brasil. O primeiro Distrito Naval foi criado no Rio de Janeiro, que tinha que ser a sede do império, mas o segundo foi aqui em Salvador, que teve como líder João das Botas, responsável por organizar inicialmente a luta no mar, porque a luta se deu na terra e no mar”.
Lord Cochrane, General Labatut e Lima e Silva
Depois dessa primeira formação de luta no mar, vem Lord Cochrane, que o próprio imperador contratou para ajudar nessa luta marítima, que é um dos personagens importantes, e também o general Labatut, que também foi contratado para organizar, inicialmente, as forças por terra, porque não existia Exército. E também Lima e Silva, militar carioca que veio para a segunda parte da luta, depois que Labatut foi deposto.
Maria Felipa (sobre ela, quem fala é a historiadora Clara Ferrão)
A Ilha de Itaparica foi palco de diversas batalhas por causa da sua localização, bem no meio da Baía de Todos-os-Santos. Maria Felipa, uma mulher descente de negros escravizados, que era semianalfabeta, teria sido uma das principais pessoas que agiram no movimento. “A princípio ela esteve na retaguarda, sendo responsável por passar informações sobre a chegada de embarcações, para que fosse possível a população se organizar (…) Em 7 de janeiro de 1823, data da Independência da Bahia, em Itaparica, os portugueses pararam na costa e Maria Felipa, junto a outras marisqueiras, seduziram a tropa e lhe deram uma surra de cansanção, fazendo com eles não chegassem à Salvador”.
Encourados de Pedrão
Um dos movimentos populares que se juntaram à luta pela Independência, foram os vaqueiros da cidade de Pedrão, que foram recrutados pelo Frei Brayner. Eles foram para o combate vestidos de couro e, por isso, ganharam esse nome. Para esses homens, cujo seus descendentes participavam do desfile, mas já não o fazem há 10 anos, o professor Jaime Nascimento faz um adendo.
“Os encourados do Pedrão são o único grupo que é realmente integrante das lutas pela Independência da Bahia, mas por uma visão do Ministério Público, eles foram proibidos de participar montados em cavalo. Segundo promotor, havia maus tratos, mas isso é completamente absurdo. Os encourados, os vaqueiros do Sertão da Bahia, vinham com seus cavalos, e o cavalo não é uma ferramenta de trabalho para ao vaqueiro, para o vaqueiro ele é um parceiro, um amigo, um colega de trabalho. Tanto que os vaqueiros têm aquela roupa de couro, para proteger, e o cavalo também (…) E como para os vaqueiros não tem sentido ir a pé, eles deixam de participar do cortejo. Então, é uma lástima, pois são os únicos originários da guerra. Eles teriam que participar do cortejo sempre, independentemente de qualquer coisa”, finaliza o professor.